Jogo do Bicho completa 124 anos de história!
Do Jardim Zoológico à Internet, o Jogo do Bicho caminhou bastante para chegar até aqui. Já são 124 anos de história, de altos e baixos, de casos com o samba, com o futebol, e descaso com a lei; de tradição popular que vem passando de geração em geração e rebolando até chegar à mesa de politicos que lutam por sua legalização.
Veja agora alguns destaques desta história com tanta cara do Brasil!
Um barão, um zoológico e uma idéia
No dia 04 de julho de 1892 o Barão João Batista Vianna Drummond, conhecido personagem carioca daquela época, colocou em prática uma idéia para salvar seu zoológico da ruína financeira. Ele lançou um jogo utilizando os 25 animais do zoológico, números e claro, a sorte!
Para isso, ele correlacionou 4 números para cada animal, resultando em 100 dezenas contadas de 00 a 99. Cada ingresso vendido para entrar no zoológico era associado a um animal, dependendo dos dois últimos números do bilhete. Este ingresso dava direito à participação no sorteio, onde o ganhador levaria uma grande quantidade de dinheiro.
O animal vencedor, que era escolhido previamente pelo Barão, era representado por uma figura que ficava escondida por um pano e só era revelada no final do dia, o que incentivava as pessoas a passarem o dia no Jardim Zoológico, consumindo os seus diversos serviços como cafés, hotel e restaurante.
E estavam lançadas as bases para o Jogo do Bicho que conhecemos hoje!
O jogo que parou o Rio, caiu na ilegalidade… E se espalhou por todo o Brasil!
Poucos meses depois do primeiro sorteio, o já chamado Jogo do Bicho virou febre no Rio de Janeiro. Naquela época, as incertezas econômicas afetavam negativamente diversos estabelecimentos comerciais, que precisavam utilizar sorteios de brindes e outros artifícios para atrair novos clientes. Neste sentido, a iniciativa do Barão não tinha nada de especial e fora vista com naturalidade no momento de seu lançamento.
No entanto, diferente dos sorteios de outros negócios, o Jogo do Bicho do zoológico acabou tendo um sucesso tão grande que logo as pessoas iam ao zoológico apenas pelo sorteio, e chegavam a comprar vários ingressos de uma vez para terem mais chances de receber o prêmio. Esta situação alertou a polícia, que começou a considerar o Jogo do Bicho como um jogo de azar. Assim como nos dias de hoje, os jogos de azar também eram proibidos naquela época.
Neste momento começou a história de problemas do Jogo do Bicho com a lei, que foi marcada por idas e vindas, até a sua proibição definitiva, em 1941, quando foi passada a lei de proibição dos jogos de azar no Brasil.
Mas neste ponto o jogo já havia ultrapassado as fronteiras do zoológico e se espalhou pelas ruas do Rio e de outras cidades brasileiras, conquistando cada vez mais jogadores de todo o Brasil.
As parcerias com o futebol e o carnaval
Com o passar das décadas, o Jogo do Bicho continuava se desenvolvendo, ganhando a forma que conhecemos hoje e sendo jogado em vários estados brasileiros. Surgiram também duas parcerias que ainda conhecemos bem hoje em dia: o futebol e o carnival.
Em uma época em que jogadores de futebol não recebiam salários, eram os torcedores quem organizavam uma vaquinha para dar-lhes prêmios em dinheiro de acordo com a performance do time. Esse dinheiro, chamado “Bicho”, vinha diretamente do Jogo do Bicho!
O financiamento do futebol pelo Jogo do Bicho continuou através das décadas com uma maneira de ganhar apoio e aceitação popular à aquela atividade ilegal. Castor de Andrade, por exemplo, considerado o maior bicheiro da história do Rio de Janeiro, foi também presidente de honra do Bangu, conseguindo o título de campeão carioca em 1996. Seu carisma e poder lhe deram uma aura de “bom moço” entre seus protegidos que até hoje é lembrada com ênfase em Bangu
A ligação do jogo do bicho com o carnaval começou por volta dos anos 1930, através de Natal de Portela. “Seu Natal” começou a trabalhar como anotador de Jogo do Bicho durante sua juventude e rapidamente se tornou dono de banca.
Mas Natal esteve envolvido também, desde cedo, com o mundo do samba e foi um dos fundadores da escola de samba Portela. Com a morte de seu grande amigo Paulo de Portela, como forma de homenageá-lo, Natal resolveu investir dinheiro na Portela para que ela pudesse se transformar em uma grande escola de samba, criando aí a figura do bicheiro patrono.
Jogo do Bicho, carnaval e futebol são hoje conhecidos como os três pilares da cultura popular do Rio de Janeiro.
E o Bicho hoje?
Hoje em dia o Jogo do Bicho continua sendo massivamente jogado pelas ruas do Brasil, mesmo ainda sendo uma contravenção penal. Artistas, jogadores de futebol e até mesmo politicos já admitiram serem fãs e jogarem no Bicho de vez em quando.
Sem contar que, com o avanço da tecnologia, niguém segura mais o Bicho: você já pode conferir resultados, palpites, e até aprender a jogar através da internet!
A boa notícia é que já há projetos de lei - como o proposto pelo Senador Ciro Nogueira recentemente - que propõe a legalização do Jogo do Bicho e de outros jogos de azar no Brasil.
Será que o Jogo do Bicho chegará a ser legalizado a tempo de seu 125o. aniversário?
Voltar às notícias